Edição 1, 2017

N. 1, 2017



O objetivo deste número é explorar o conceito de experiência no campo pedagógico aplicado à Educação Básica e as conexões, relações e articulações com poéticas e resistências presentes no cotidiano escolar. Num momento em que a educação pública vem sendo seriamente ameaçada, vê-se um enfraquecimento de práticas pedagógicas que valorizam o sujeito na sua complexidade. Faz-se relevante, nesse contexto, pensar o papel da valorização da experiência, da poética e da resistência no ambiente escolar como elementos fundamentais para a formação de sujeitos abertos ao outro, críticos e propositivos frente o contexto em que se vive.

Entendemos, a partir do viés de Larossa (2014), o sujeito da experiência “como um território de passagem, algo como uma superfície sensível que aquilo que acontece afeta de algum modo, produz alguns afetos, inscreve algumas marcas, deixa alguns vestígios, alguns efeitos” (p.25). Assim, o sujeito, ao transpor espaços indeterminados, posta-se à prova, aberto à sua própria transformação e à reflexão em si. Dessa forma, a experiência, seja ela social, cultural, pedagógica ou histórica pode ser vista como a matéria-prima essencial para os processos de formação de identidades, sejam elas de classe, de gênero, de geração ou de etnias. Nesse sentido, discutir tal conceito em sua multiplicidade nos permite também despir-nos de preconceitos sobre variados assuntos na escola.

Aliada à noção de experiência, a pesquisa em educação como poética nasce da relação entre a teoria e a prática, nas mais diversas possibilidades de criação de realidades e caminhos. Como resistência, ainda, a experiência nasce da possibilidade de instituir ou consolidar um projeto de construção de conhecimento coletivo, que compreenda a diversidade de elementos que compõem o ambiente escolar.

Esta edição pretende, portanto, pensar um sujeito da experiência que afeta todo o contexto em que está inserido, criando atos de enunciação e ação que poeticamente encarnem corpos resistentes ao sistema autoritário e opressor que promove desigualdade e diferenciação com seus ideais.

Referências:
Larrosa, Jorge. Tremores: escritos sobre experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
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Editorial


Transversais
Um novo modelo institucional para a formação de professores naUniversidade Federal do Rio deJaneiro, por António Nóvoa


Perspectiva Capiana
A experiência estética: o que pode a arte na escola?, por Mario Orlando Favorito
Trilhas e Caminhos: memórias compartilhadas, por Fátima Vollú
História e ensino: uma trajetória profissional nas fronteiras da formação docente, por Fábio Garcez de Carvalho


Interseções
Quando literatura de cordel e cinema viram estratégias de intervenção poética e resistência, por Aline Regina Brito e Cristiane Mendes
Autoridade partilhada e a escola, por Ceane Simões
A formação dos professores de inglês no CAp-UFRJ: perspectiva de alunos e licenciandos, por Danielle Almeida e Juliana Jandre
Teatro e educação Vida Viva, somaestética aplicada em um projeto de extensão, por Giovânia Costa
Pocahontas, ideologias linguística se questões de raça e meio ambiente, por Izabelle da Silva Fernandes e Tayene Mendonça Santos
A questão negra no CAp, por Marcello Campelo, Isis Akemi, Marina Alves, Yasmin Alves
A geomorfologia do sítio urbano do Rio de Janeiro como recurso didático no ensino de Geografia, por Priscila Leibão
A leitura literária entre a instrução e a experimentação: memórias de leitura de professores da escola básica, por Rachel Souza e Luiz Felipe Andrade


Olhares
Elas juntas aqui no MAST, por Débora da Silva Lopes dos Santos; Alice Ribeiro e Amannda de Jesus Gomes Amorim
Ex.peri(ment)ações visuais, por Gilberto Cordeiro da Hora
Interseções da arte, por Gilberto Cordeira da Hora, Ana Luiza Faro, Fernanda Cavalcanti Mello, Gabrielle Carvalho Ferreira, Nilmara Knupp Martins e Rayssa de Oliveira Ruiz
Viva Vida: teatro e educação em favor da vida, por Giovânia Costa
Aprenderensinar nas poças, por Iris Verena Oliveira; Milena Sant’Ana e Franklin Santos


Biografias dos autores