Edição 4, 2020

   N.4, 2020


O momento histórico por que passamos, a pandemia do Covid-19 e suas reverberações por todo o globo, vem evidenciando para a sociedade a necessidade de investimentos em pesquisa científica. No campo da saúde pública, essa realidade é urgente, mas também se faz imprescindível nas demais áreas que sofrem e sofrerão as pressões por mudanças nesse momento em que o compartilhamento de espaços está dificultado. A Educação Básica, objeto de estudo da nossa revista, tornou-se mais um desses campos de debate e, portanto, demanda reflexões, pesquisas e práticas para a construção das ações pedagógicas no pós pandemia, dentro e fora da sala de aula.
Nesse sentido, o atual número da publicação busca análises feitas por docentes sobre a importância do convívio presencial, das construções coletivas e dos encontros que caracterizam o processo de ensino e aprendizagem. A partir da ideia de que a aprendizagem se dá no encontro com o outro e de que são muitos – além do conteúdo stricto sensu – os elementos que a compõem, defendemos que o conhecimento se formula coletivamente e na realidade tridimensional de sons, sentidos e gestos. Para nós, é no ambiente partilhado que o humano compreende as diferentes subjetividades e possibilidades de viver em sociedade.
Defendendo a presença e o convívio como formadores de cidadãos críticos e conscientes, resgatamos a abordagem freiriana do ensino em Pedagogia do oprimido (2019), obra segundo a qual é a educação, em seu caráter dialético, que proporciona a transformação social. De acordo com a perspectiva de Paulo Freire, quando os homens adquirem consciência de sua atividade no mundo e, a partir disso, o impregnam de uma presença transformadora, passam a existir historicamente, marcando o lugar que ocupam no todo (2019, p.124). Na convivência, a presença é apresentadora de individualidades; só na presença partilhamos o mesmo espaço e vivenciamos a tensão dialética que decorre da riqueza cultural e ontológica dos momentos em que muitos pés pisam o mesmo chão.
Concluímos lembrando que Freire acreditava que “o próprio dos homens é estar, como consciência de si e do mundo, em relação de enfrentamento com sua realidade, em que, historicamente, se dão as ‘situações-limite’” (2019, p.126). É também o educador e filósofo quem nos lembra que é possível superar as situações-limite transformando a realidade a partir de “atos-limite”. Lancemo-nos, pois, ao desafio de transformar limitação em ato criador: convidamos a todos a refletir e escrever, em tempos de isolamento, sobre a força da coletividade e da presença na educação.

REFERÊNCIAS
ADRIÃO, Silvia. Reflexões para estes dias atípicos: a falta que a escola faz. REBRINC (Rede Brasileira Infância e Consumo). Disponível em:
<https://rebrinc.com.br/noticias/educacao/reflexoes-para-estes-dias-atipicos-a-falta-que-a-escola-
faz/?fbclid=IwAR3l5h2ozX6GupYsWF8QV75cbdCKvxgc084bWo8IzSUyPv_oQ8IifClEgp>. Acesso em 10 de Abril de 2020.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019.
GUMBRECHT, Hans Ulrich; HAMDAM, Juliana Cesário. Desafiando a história: por uma pedagogia da presença. In: Caderno de História da Educação, v. 14, n.3, set./dez/ 2015. Uberlândia, Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 2015. Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/33138/17838>. Acesso e 10 de Abril de 2020.
TOSTES, Anjuli; MELO FILHO, Hugo. Quarentena: reflexões sobre a pandemia e depois. 1ª ed. Bauru: Canal 6, 2020. Disponível em:
<http://editorapraxis.com.br/quarentena/>. Acesso em Abril de 2020.

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Editorial


Transversais

Lorenna Bolsanello de Carvalho

Perspectiva Capiana

André Luís Mourão de Uzêda, Lorenna Bolsanello de Carvalho e Nádia Garcia Mendes

Anna Thereza do Valle Bezerra de Menezes e Marilane Abreu Santos

Cassandra Marina da Silveira Pontes da Silva, Fernando Celso Villar Marinho, Glauber Resende Domingues e Sulamita Inácio Freire

Edson Soares Gomes, Edmilson Pereira, Elisangela Bernardes do Nascimento, Maya Inbar, Rosemary Lúcia dos Santos Moraes e Tatia Lourenço Viana

Maria Alice da Silva Ramos Sena

Interseções

Adriana Barcellos, Ana Carolina Roberto, Daniely Eiras, Iulie Toman e Paula Vaz Campos

Antonio Reinaldo Melo de Freitas, José Marconde Souza da Silva e Mirian Souza da Silva

Betânia Camargo Fernandes, Carla Juliana Galvão Alves e Denise Batista Pinto Sabino

Celi do Nascimento Palacios e Luciana Barros Ferreira

Cinara Rodrigues de Almeida e Isabel Van Der Ley Lima

Clarisse Duarte Magalhães Cancela, Débora da Silva Lopes dos Santos e Viviane Balzi Santos

Dayana Velozo Pastor Andrade e Felipe dos Santos Pasini

Edmilson Pereira e Vitor Rebello Ramos Mello

Elainemar Dias Pinheiro e Marcio Bernardino Sirino

Eliane Ferreira Vieira, Lauro Lima Corrêa e Marcos Elias

Hilton Marcos Costa da Silva Júnior

Isabela Feliciano Moreira

Isabela Braga Loureiro de Sá Raposo, Iulie Toman e Paula Vaz de Carvalho Gonçalves Campos

Isabella Vitoria Castilho Pimentel Pedroso

Jucilene Braga Alves Maurício Nogueira

Lorenna Andrade Sampaio, Mariana Gatto Lemos de Souza dos Santos e Renato Sarti

Maria Coelho Araripe de Paula Gomes

Mariana Elena Pinheiro dos Santos de Souza e Thayná Marracho Marques

Mirian Alves Ferreira

Rafaela Silva Storino

Robson de Andrade de Jesus e Silvânia da Silva Costa

Gradações

Gabrielle Carvalho Ferreira

Virna da Silva Bemvenuto

Olhares

Alice Coutinho da Trindade, Carla Vidal e Rafaela Louise Silva Vilela

Bruno Dias, Edmilson Pereira, Fernanda Machado, Lívia Frias, Mariana Bertoche, Sulamita Freire e Vitor Mello

Caroline de Castro Chamusca, Jardel Augusto Dutra da Silva Lemos e Leonardo Cesar Alves Moreira

Gabrielle Carvalho Ferreira

Jorge Luiz Zaluski

Katiuci Pavei

Letícia Carvalho da Silva e Virna da Silva Bemvenuto