Edição 5, 2021

N.5, 2021


O “chão da escola”, tema de nossa quarta edição, “desmaterializou-se” com a pandemia do novo corona vírus, iniciada no ano de 2020. Esse “vazio” deu lugar, no campo da educação, a inúmeras iniciativas que fizeram uso de técnicas e tecnologias a que muitos profissionais ainda não estavam acostumados. Mesmo assim, surgiram novas possibilidades de interação com estudantes e compartilhamento de conhecimento em diferentes instituições de ensino. Dessa forma, diversos impasses e debates foram criados, enriquecendo pesquisas sobre práticas pedagógicas nos chamados “tempos torpes” (CERASOLLI, 2020,p.16). Devemos salientar, primeiramente, que o conceito de “tecnologia engloba a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas aplicações” (KENSKI, 2021, p.22). Em vista disso, a linguagem, a escrita, os números, o pensamento, podem ser considerados tecnologia. No ambiente específico das escolas, porém, a inserção de novas tecnologias - de caráter eletrônico/digital - vem sendo discutida há algum tempo e trouxe novos desafios para o campo educacional. Usando os termos de Freire (1983, p.39) o “novo não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas cronológico”. Acreditamos, assim, que as inovações nessa área devem vir acompanhadas de uma perspectiva de inclusão e diminuição das desigualdades (BATISTA & FREITAS, 2018). Em 2021, teremos o relato de experiências como formato preferencial em nossa publicação. Sensíveis, mais uma vez, ao ineditismo do momento em que vivemos, percebemos também, em nosso número anterior, a grande demanda por parte dos professores da Educação Básica de relatar seus desafios nesse novo cenário. Portanto, entendemos que “importa o gesto inventivo afirmando o um, não mais enquanto operador neutro, mas atuante e atravessado de forma relacional, que age e interage, abrindo-se para se afirmar como particularidade, participante e ativa.” (DALTRO & FARIA, 2019, p.225-226) Nesse sentido, a descrição de uma vivência profissional, bem-sucedida ou não, mas com objetividade e aporte teórico, possibilita a indicação de novos caminhos, e pode servir de inspiração para outros estudos e vivências.
É importante destacar que o relato de experiência deve ser composto de três momentos: uma introdução com marco teórico de referência para a pesquisa; seus objetivos e as metodologias empregadas no processo descrito, e, por fim, suas conclusões e considerações desenvolvidas a partir da vivência do processo. Com isso, acreditamos atender aos preceitos básicos da produção acadêmica e da realidade dos autores/pesquisadores. Como afirma Derrida (2012), é preciso responder ao inédito, colocando à prova os limites prescritivos da educação escolar, em experiência pensante e compartilhada para acolhimento responsável de subjetividades. Sendo assim, convidamos a todos a refletir sobre os desdobramentos de suas práticas na “escola-nuvem” e socializar outras possibilidades de atuação na Educação Básica.

REFERÊNCIAS
BATISTA, S. A. & FREITAS, C. C. G. O uso da tecnologia na educação: um debate a partir da alternativa da tecnologia social. In: Revista Tecnologia e Sociedade. Curitiba, v. 14, n. 30, p. 121- 135, jan./abr. 2018. Disponível em https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/5784 CERASOLLI, Josiane Francia. “Prefácio” In: ALMEIDA NETO, A. S. de; LOURENÇO, E. & CARVALHO J.P.F. de (Orgs.) Ensino de História em tempos torpes: leituras e reflexões. Uberlândia: Navegando Publicações, 2020, p. 11-20. Disponível em: https://www.editoranavegando.com/livro-ensino-de-historia DALTRO, Mônica Ramos & FARIA, Anna Amélia de. Relato de experiência: Uma narrativa científica na 7pós-modernidade. In: Estudos e Pesquisas em Psicologia. V. 19, n. 1 (2019), p. 223-237. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/43015/29726. DERRIDA, Jacques. Penseur de l’événement (entretien avec Jérôme-Alexandre Niesberg). L’Humanité, Paris, 28 janvier 2004 Apud FILHO, Osvaldo Fontes. Uma “possibilidade impossível de dizer”: o acontecimento em filosofia e em literatura, segundo Jacques Derrida. Trans/Form/Ação, v. 35, n. 2, p. 143-162, Maio/Ago., 2012. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 10. ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1983. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: Um novo ritmo da informação. 8. ed. Campinas: Papirus, 2012.
Instrutivo para elaboração de relato de experiência. Disponível em: https://www.ufjf.br/nutricaogv/files/2016/03/Orienta%C3%A7%C3%B5esElabora%C3%A7%C3%A3o-de-Relato-de-Experi%C3%AAncia.pdf.

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Editorial


Transversais

Alessandra Carvalho e Isabela Costenaro Franchi

Perspectiva Capiana

André Luís Mourão de Uzêda, Glauber Resende Domingues, Luisa Quarti Lamarão e Thaís Seabra Leite

Fernanda Lahtermaher Oliveira e Karina Maria Lima

Alessandra Moraes, Glauber Resende, Luiza Moreira e Simone Alencastre

Interseções

Anna Clara Rodrigues Sondahl Bibiani e Nathália Inácio de Souza

Bárbara Araújo Machado

Cristiane Suzart Cop Guimarães, Michele Morgane de Melo Mattos e Priscila de Melo Basílio

Maria Carolina Neves Lopes e Valéria Martins

Raquel Cristina de Souza e Souza

Gradações

Gabriela Fernanda Moraes Fonseca

Gabriela Viol Valle, Gabrielly Figueira Candido dos Santos, Júlia Vieira Correia, Laura Águia de Souza, Lorhan Saar e Maria Helena Pereira de Freitas

Jaqueline Pontes Domingos

Mariana de Carvalho Ferreira e Rebeca Cardoso dos Santos

Julia Marinho Ribeiro e Renata Lopes de Almeida Rodrigues